domingo, 1 de maio de 2011

NÃO ACREDITO EM BRUXAS, MAS QUE AS HÁ, HÁ

Acabei de ver um video que me mandaram de uma entrevista a Miguel Portas (não Lurdes, não sou do BE ;) ) acerca da entrada do FMI.

Entre outras coisas dizia ele que o BCE empresta dinheiro aos bancos privados e à Hungria a 1%, mas aos países do Euro, não pode e por isto tem que entrar o FMI, embora exista um Fundo de Estabilização Europeu, dizendo aos entrevistadores que deviam colocar como banda sonora o FMI, de José Mário Branco, devendo acabar com os Vampiros de Zeca Afonso.

E vaí daí dei comigo a pensar num artigo que li em tempos que dizia que em Espanha, numa determinada altura, tinham questionado porque em vez de apoiarem financeiramente os bancos, não tinham dado o dinheiro às pessoas para estas irem pagar os seus créditos ao banco e assim o dinheiro chegava à mesma à banca, mas com uma vantagem que era ter baixado o nível de endividamento das famílias.

Lembro-me de não ver a resposta.

Eu tenho uma:

Experimentem a olhar para o preçário dos bancos. Eles ganham milhões com o nosso incumprimento. Por cada prestação que não seja paga a tempo, o cliente (povo) paga juros de mora e respectivo imposto de selo, comissão dos juros e respectivo iva, acrescentado de uma comissão pelo incumprimento, com o respectivo iva e despesas de expediente do documento que nos mandam.

Ou seja, a equação é muito simples:

Se todos os clientes dos bancos tivessem condições de pagar o seu crédito a tempo e horas, os bancos ganhavam muito menos.

Assim a defesa deles é que precisam de apoio directo dos governos.

Precisam porque até se for à custa da capacidade das pessoas cumprirem com as suas obrigações, os seus proveitos são superiores. Se as pessoas passarem a utilizar os seus plafonds ou até descobertos autorizados, as taxas são mais elevadas e acompanhadas de comissões sem nenhum suporte em trabalho efectivo, porque quando tu pagas um crédito fora do prazo e com recurso a um descoberto, 16 euros de comissão de indisponível + 25 euros de comissão de incumprimento, acrescidos dos respectivos “alcavalas”, ops, quero dizer impostos não é pagar por um serviço, é ser roubado.

E o que está a acontecer com as medidas de austeridade é atirar pessoas que estavam endividades, mas com capacidade de pagar dado o rendimento mensal que tinham, para o incumprimento puro e simples, porque com os cortes salariais e aumentos de impostos, os seus rendimentos foram reduzidos.

Por isto quando ouvimos alguns economistas e políticos nacionais e internacionais alertarem que há algo de muito estranho atrás de tudo o que se está a viver, ficamos na dúvida, mas depois ao vermos a realidade começamos a duvidar de tudo isto mesmo a sério.

PS: Já agora vejam se os banqueiros portugueses falaram algum minuto que seja em dar capacidade às famílias e empresas de cumprirem com as suas obrigações e reduzirem o seu endividamento, naquela famosa reunião em que avisaram que já não financiavam mais o Estado e que era necessário a ajuda externa imediata (1 dia antes desta ser pedida, para os mais esquecidos)?

Resposta nua e crua: NÃO.

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