terça-feira, 23 de agosto de 2011

LENDO AS ENTRELINHAS DO RELATÓRIO DO BANCO DE PORTUGAL DE AGOSTO DE 2011 SOBRE OS INDICADORES DE CONJUNTURA

Lendo este documento vemos que a Europa está a cair numa grande armadilha. Ao exigir a austeridade está a levar a sua própria economia à falência (1º sinal foi dado pelo indicador do fraco crescimento da economia alemã).

A Armadilha

A austeridade (pelo menos em Portugal) levou à:

- redução da actividade económica;

- redução do investimento;

- redução da confiança dos consumidores;

- redução da confiança dos investidores;

- redução do consumo;

mas mantém um:

- aumento das importações (mesmo excluindo os produtos energéticos), quer de bens, quer de serviços.

O pior é que cruzando os dados portugueses com os dados do enquadramento europeu percebe-se que estas importações são de países fora da Europa, uma vez que a actividade económica desta está a crescer muito pouco e ainda por cima a preços mais baixos quer nos produtos industriais, quer nos bens alimentares.

A Europa para além de estar a produzir menos, está a produzir ganhando cada vez menos.

A Europa para além de ter dado trabalho aos seus maiores concorrentes, ao deslocalizar muitas empresas para estes países, está agora a perder a sua própria actividade económica levando os países que lhes compram (os europeus) a alterar os seus hábitos de consumo para produtos dos tais concorrentes, porque o povo deixou de ter dinheiro e passou a comprar só tendo em conta o preço.

Ora se os europeus não compram os seus próprios produtos porque não têm dinheiro, mais ninguém os compra porque os padrões de vida que têm ainda são piores do que os nossos porque recebem salários de miséria. Aliás, só por isto as deslocalizações de fábricas ocorreram!!!

Para além disto estão ainda a fazer com que os europeus percam qualidade de vida e corram sérios riscos de saúde, pois os padrões de qualidade e segurança deles são muitíssimo inferiores aos exigidos à produção na mesma Europa, aliás como quase diariamente se vê nas notícias que lhes escapam ao controlo da censura.

Penalizar os Incompetentes

Mais do que uma crítica, isto são factos que se não forem revertidos rapidamente terão consequências catastróficas.

A Europa tem que exigir a austeridade mas nos gastos supérfulos, na chulice, na incompetência e punir os que não cumpriram.

Na prática basta aplicar o que está definido nos Procedimentos Extra-judiciais de Conciliação (criados para viabilizar empresas que se dirigem para a Falência, mas ainda têm viabilidade) quando uma das principais condições para o pedido ser aceite é que a administração seja alterada, ou seja, quem causou o problema, não pode ser quem o vai resolver.

E aqui não estamos a falar de partidos nem pessoas, estamos a falar formas de agir e actuar. Não podemos manter as mesmas formas de actuar que nos levaram a isto. Não podemos falar mal do outro e seguir o mesmo caminho, que é o que se está a ver.

É inconcebível atirar as culpas dos gastos e excesso de consumo para cima do povo. Se o povo consumiu foi porque alguém deu o dinheiro. Se o povo consumiu acima das suas possibilidades foi porque a banca não cumpriu com competência a sua tarefa de análise do risco. Assim, não pode a banca passar incólume e vir exigir nada, sem que receba um enorme puxão de orelhas, que no mínimo passa por punir quem não cumpriu e exigiu resultados aos seus colaboradores mesmo passando por cima da mais pura lógica e senso comum.

E há um coisa que ninguém quer dizer, mas na sua 1ª análise da situação pós-ajuda, a Troika diz textualmente que Portugal não está a fazer o seu trabalho bem feito, porque eles já esperavam que tivessemos ido mais além no corte de despesas e que não é possível aumentar mais impostos. Para além de que avisam que a austeridade tem que ter como fim o arranque da economia e não o que se está a ver.

Só não vê quem não quer ver.

Continuamos a fazer tudo ao contrário e a punir quem menos culpa teve nisto tudo.

Ainda ontem li uma notícia que os depósitos das famílias aumentaram e isto era transmitido como uma coisa boa.

Pois eu digo que só é bom, se a banca que foi incompetente até agora, o deixe de ser e saiba aplicar bem o dinheiro. Mas será que um incompetente por passar a ter dinheiro passa a ser competente?

A resposta é muito simples.

NÃO.

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