Um estudo da Associação Nacional de PME's diz que 2.182 empresas localizadas nos Açores não pagam salários à pelo menos 2 meses.
O Director Regional do Trabalho e Qualificação Profissional, Rui Bettencourt, diz que os dados recolhidos pelo Sistema de Indicadores de Alerta (SAI) nos Açores apontam para uma "total normalidade no pagamento de salários" nos últimos anos no arquipélago.
O presidente da Câmara de Comércio e Indústria de Ponta Delgada, Costa Martins, recusou o "cenário alarmista" criado pelo estudo da ANPME, por entender que a situação nos Açores é de "perfeita normalidade".
Todas estas afirmações podem ser lidas aqui.
Eu não sei quem tem razão.
O que sei é que não é preciso muito estudo, nem muita conversa, para facilmente se perceber que afirmar haver uma perfeita normalidade é uma perfeita anormalidade!!!
Basta estar no mundo real, fora dos gabinetes cor-de-rosa e falar com os donos das empresas para ficar a saber-se que não está nada normal. Antes pelo contrário. O pouco que tenho abordado empresários, o que ouço é que ninguém paga a ninguém.
No meio disto tudo, acho que o único que disse coisas acertadas foi o inspector regional do trabalho de Ponta Delgada, António Melo Medeiros, que adiantou que
os casos de incumprimento laboral chegam, normalmente, por via de denúncias dos trabalhadores ou sindicatos, assegurando que todos eles "são sempre alvo de investigação".
"Se num ou outro caso o trabalhador assinar um recibo sem receber não podemos fazer nada", disse António Melo Medeiros, ao explicar que a Inspecção Regional do Trabalho contacta a empresa devedora para que esta regularize voluntariamente a situação no curto prazo, avançando com um processo contencioso apenas se nada for feito.
Esta é a questão principal:
Os dados recolhidos pelo Governo dependem do que dizem as empresas nas milhentas estatísticas que são preenchidas por ano. E será que dizem a verdade?
Os dados recolhidos pela Câmara do Comércio (será que os há????) dizem respeito ao universo de associados desta organização, que representam que % no tal universo de 6.000?
Concordo com o Director Regional quando pede explicações sobre a metodologia do estudo da Associação Nacional de PME's, porque é preciso perceber o enquadramento.
A grande conclusão é esta:
Onde há fumo, geralmente há fogo ou está para haver. Em vez de fazerem figuras de ofendidos, nuns casos, e defensores do seu próprio estatuto na sociedade, nos outros, há que por mãos à obra e tentar perceber efectivamente o que se passa e se há alguma ponta de verdade neste estudo. Porque uma coisa é certa:
Normalidade é coisa que não existe de certeza absoluta nos Açores. E facilmente conseguíamos perceber isto: O Sr Presidente da Câmara do Comércio que analise o recebimento de quotas da Instituição a que preside e apure o montante e número de dívidas e atrasos...
Sem comentários:
Enviar um comentário