quinta-feira, 25 de julho de 2013

O GÉNIO MAL EDUCADO

Foi certamente um dos melhores livros que li em toda a minha vida.
Digo isto, porque está escrito de uma maneira fácil de ler que nos prende a 709 páginas de uma forma perfeitamente ligeira sem aquela sensação de excesso de volume.
Depois, porque para quem gosta de gestão é uma lição de vida que não há curso que nos ensine, mas que para meu agrado bate certo com tanta e tanta coisa que estamos a por em prática na nossa CRIAS, dando-me segurança que estamos s fazer um caminho. Se certo ou errado, o futuro encarregar-se-á de mostrar, mas para já pelo menos um caminho coerente e com uma linha de rumo.
E não menos importante, porque mostra a realidade crua e dura de um homem que baseou toda a sua vida numa máxima: "A simplicidade é o cúmulo da sofisticação" aplicando-a em tudo, mesmo na forma de lidar com os outros, quase sempre com a brutalidade da "sua" verdade, dizendo se gostava e dizendo se não gostava da mesma maneira. Mas também não escondendo que era uma pessoa cruel (mesmo quando não o devia ser), muito difícil de viver, trabalhar e interagir, manipuladoramente convencedora, que no entanto conseguia canalizar tudo isto de uma forma que os outros o seguissem e dessem para além do máximo que julgavam conseguir, criando um misto de fascínio-ódio que as fazia segui-lo e criar mundos que o mundo nunca pensou existir, deixando um legado de funcionamento da APPLE para além da sua própria existência, porque apesar da empresa confundir-se com o seu fundador e principal mentor, ela existe por si só com um ADN muito próprio e de tal forma enraizado que todos o incorporam no primeiro dia que lá entram e muitos o incorporam só de pensar nela.
Há passagens sublimes das quais eu destaquei as que abaixo vou transcrever porque me puseram a refletir muito.
"Ele consegue enganar-se a si próprio, isso permite-lhe convencer as pessoas a acreditarem na sua visão, porque ele próprio aderiu pessoalmente a ela e a interiorizou."
"A sua distorção da realidade acontece quando ele tem uma visão ilógica do futuro (...). Nós temos a consciência de que ela não pode ser verdadeira, mas de alguma formaele torna-a verdadeira."
"Uma pessoa fazia o impossível, porque não tinha consciência de que era impossível."
"O elemento principal do nosso design é que temos de tornar as coisas intuitivamente óbvias."
"Quando toda a gente estava a fazer cortes, nós decidimos que iríamos continuar a investir durante a recessão. Iríamos investir em I&D, inventar novos produtos, para que quando a recessão terminasse pudéssemos estar à frente dos nossos concorrentes."

Eu não sugiro a ninguém que o leia, porque não tenho este direito de escolher pelos outros. Só quis partilhar o que achei do mesmo, porque foi desta forma que soube deste livro e assim posso agradecer não só o facto de ter tido conhecimento através de uma dica que o Rui Goulart deu na 1ª conferência "Ler (n)os Açores" da Bertrand, mas também de ter um amigo "apaixonado" por este livro e que assim que lhe falei nele mo emprestou sem pestanejar. Obrigado Luís Machado.
Termino dizendo que tudo em Steve Jobs parece advir de um planeamento contínuo, perfeitamente demonstrado na razão de ter contatado alguém para escrever a sua biografia em vida porque queria que os seus filhos soubessem quem ele era da sua boca e não da de outros, que teve como paixão
"construir uma empresa duradoura onde as pessoas se sintam motivadas para fazerem grandes produtos. Tudo o mais era secundário. Claro que era bom ter lucros, pois só assim era possível fazer grandes produtos. Mas o principal fator de motivação eram os produtos, não o lucro. Trata-se de uma diferença subtil, mas que acaba por fazer toda a diferença: as pessoas que contratamos, quem é promovido, os assuntos que discutimos nas reuniões".
 Até na sua visão da morte com a qual partilhou um período grande do seu final, ele foi diferente:

"Acredito cerca de 50 por cento em Deus. Durante quase toda a minha vida senti que devia haver na nossa existência mais do que a nossa vista alcança. Gosto de pensar que algo sobrevive para além da morte. É estranho pensar que acumulamos toda a nossa experiência, e talvez um pouco de sabedoria, e que tudo isso desaparece. É por isso que quero acreditar que algo sobrevive, que talvez a nossa consciência perdure. Mas por outro lado, talvez seja como um interruptor. Clique! E já está. Talvez seja por isso que nunca gostei de pôr interruptores nos dispositivos Apple".

Sublime...

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