terça-feira, 31 de março de 2015

A CAMINHADA QUE NÃO QUERIA TER FEITO

Tive um irmão que me disse que a 2ª romaria é mais difícil do que a 1ª, porque nos apercebemos de pormenores mais crus, uma vez que a parte emocional e romântica da 1ª vez já se desvaneceu.
Posso efetivamente dizer que a minha 2ª romaria foi a mais difícil que fiz.
Pode parecer estranho dizer isto, uma vez que sabem que não parti fisicamente com os meus irmãos de Santa Clara, mas posso explicar.
Nos dias que se seguiram após tomar a difícil decisão de não sair, percebi que em 2015 a minha romaria era mesmo esta, ou seja, não sair.
E decidi ir enfrentar tudo o que tinha que enfrentar.
Fui chorar o que tinha que chorar, fui abraçar quem tinha que abraçar, fiquei feliz por saber que estavam bem, ajudei e colaborei no pouco que foi possível, exultei e exulto porque me dizem ter sido uma das melhores de sempre, partilhei o que pude partilhar, vivi e senti a amizade e apoio de todos.
Não padeci de males físicos, mas psicologicamente foi mais duro que a minha 1ª romaria, tudo porque foi uma semana onde:
- estava sempre onde não queria estar;
- onde estava, estava sempre a imaginar onde era suposta estar;
- estava a fazer o que não queria fazer;
- quando estava a fazer o que estava a fazer, pensava no que não estava a fazer;
- olhava o horizonte sempre na direção onde os meus irmãos estavam;
- olhava o tempo, pensando no que os meus irmãos estariam a sofrer, se com chuva, se com sol;
- como dois nossos irmãos, que também não saírem, me diziam, acordava a lembrar-me o que estavam a fazer e onde estavam;
- como diz a oração, "gemi e chorei neste vale de lágrimas", ao que acrescentava, suspirando;
Mas também fiz e senti coisas maravilhosas.
Rezei como nunca rezei fora da romaria.
De noite e de dia, a tal ponto que num dia em que tive que andar a pé com a minha mochila de trabalho às costas e o tablet na mão, dei por mim a sentir-me transportado em espírito para o meio do "meu" rancho, sentindo claramente que estava nos caminhos do Nordeste com o meu xaile, a minha mochila e o meu bordão, cantando a Santa Maria onde me iria enquadrar.
Foi um momento mágico.
Foi um desafio muito grande este que Deus me colocou à frente.
Um desafio para ver se continuava a acreditar, se desesperava, se desistia, se invejava, se sucumbia aos pecados, se aguentava ver os irmãos, se lhes queria mal quando me contassem o quão maravilhoso tinha sido, mas acima de tudo se me esquecia de rezar.
E fê-lo mesmo até no próprio dia da entrada do meu rancho.
Não sei se o consegui na plenitude ou em todos os momentos, especialmente para aqueles que comigo conviveram e comigo se cruzaram nestes dias.
Mas penso que na maioria foi um desafio superado.
Acima de tudo foi mais uma lição que a Romaria me reforçou:
"Nem sempre a vida nos deixa fazer aquilo que desejamos, mas podemos sempre fazer da vida aquilo que desejarmos".
Seja Para Sempre Louvada a Sagrada Vida, Paixão, Morte e Ressureição de Nosso Sr. Jesus Cristo!!!

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