Li na revista Prémio que a Ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima, em entrevista ao suplemento "Actual" do Expresso lançou a ideia de alterar o IVA dos best-sellers, passando da taxa mínima para a taxa normal.
Sem sequer falar na questão prática da coisa, só posso classificar a ideia como PARVA (na melhor das hipóteses), pois num país onde os níveis de leitura são muito baixos (25% da população planeia comprar 1 a 2 livros, 27% 3 a 5 e 20% mais do que 6) a Ministra da Cultura está preocupada com objectivos financeiros (+ receitas fiscais) do que com objectivos culturais (+ livros comprados) e sociais (+ pessoas a ler).
A não ser que isto se enquadre numa lógica superior de que não interessa desenvolver intelectualmente uma determinada faixa % da população que assim pode continuar a ser manipulada por políticos medíocres, permitindo-lhes sobreviver na sua incompetência (independentemente da cor).
No entanto quero aqui salientar 2 aspectos:
1- Não defendo que ler best-sellers desenvolve intelectualmente um indivíduo (não tenho conhecimentos científicos para tal), mas têm que convir que aproveitar os fenómenos associados à moda para por mais pessoas a ler, ou seja, para criar hábitos de leitura, só pode ser BOM;
2- É muito BOM ter uma Ministra da Cultura com objectivos financeiros, mas estes têm que passar, forçosamente, por aumento das receitas através da venda de mais livros e por uma melhor gestão dos recursos que lhe são atribúidos.
Agora para isto acontecer é essencial haver uma estratégia e uma política bem definidas, que até podiam passar pela ideia que o Alexandre Borges apresenta na sua sinópse ao livro História de 1 Minuto, vol. 1 de István Orkény, na revista :ILHAS e que diz mais ou menos assim:
Se toda a gente se queixa de falta de tempo para ler livros, e falta de dinheiro para os comprar(acrescento eu), apoiemos este novo género de literatura: os CONTOS, pois "lêem-se depressa, exigem menos tempo, menos investimento, menos atenção. Combinam melhor com os transportes públicos, com as pausas para o café, com os 10 minutos antes de adormecer" e, se adoptarem outra ideia que ele professa na coluna ao lado, de preferência em edições de bolso, pois "com 50 euros, podemos trazer para casa 10 livros, mais coisa menos coisa. E, assim, damo-nos ao luxo de arriscar. Podemos comprar este ou aquele autor que não conhecemos, sem o risco de ficar, depois, atulhado em remorsos de ter desperdiçado 3 ou 4 contos dos antigos numa coisa que não valia um caracol".
Pois Alexandre.
Mas isto dá trabalho, requer uma estratégia e... é outra conversa!!!
... ou talvez não...
Pois, depende do lado que se analisa a questão.
sábado, 21 de janeiro de 2006
UMA IDEIA (PARVA) PARA O IVA DOS LIVROS
Desabafo de Simão Pfc Neves @ 11:35
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